A pandemia de coronavírus tem afetado muitos segmentos da economia – e o setor de pesquisas de mercado não é exceção.

A condução de pesquisas qualitativas, em particular, foi muito impactada, já que entrevistas em profundidade, estudos etnográficos ou grupos focais agora podem ser realizadas apenas virtualmente.

O desafio é grande, mas o cenário abre a possibilidade de difundir metodologias já existentes e criar novas estratégias de abordagem. Quais caminhos vamos percorrer?

A virtualização é, obviamente, a primeira resposta que vem à mente. Mas será que as entrevistas qualitativas remotas são tão eficazes? Como a comunicação e o aprofundamento são afetados pela distância?

Há vários benefícios para que os estudos qualitativos continuem acontecendo de forma online. O primeiro deles é que muitos respondentes são simpáticos ao recebimento de pesquisas sem precisar de deslocamento, ainda mais em quarentena. O segundo, que essa prática já era uma tendência crescente antes da pandemia – e agora é uma oportunidade para ser acelerada.

Os pesquisadores encorajam a aplicabilidade de pesquisas online, onde o consumidor dentro de sua casa mostra como interage, se envolve e explora seus interesses usando o espaço digital como forma de coleta. Ao analisar as conversas neste ambiente, as empresas podem entender como as atitudes sobre suas categorias estão mudando durante a pandemia.

Depoimentos orais, fotos, vídeos, diários onde o consumidor expressa suas opiniões e ilustra seu comportamento no dia a dia e a relação com as categorias são recursos preciosos neste momento.

Mais importante ainda, essa alternativa fornece insights acionáveis em escala e velocidade (pense em dias ou semanas em vez de meses), o que é absolutamente crítico, dada a velocidade dos eventos globais.

É importante frisar que o QualiBest está sempre buscando novas formas de se conectar com o consumidor, mas pesquisas no ambiente digital são prática do instituto há quase 20 anos. Essa experiência nos dá a segurança de garantir profundidade e relevância para estudos que migram do offline para o meio digital.

Fique em casa

Mais do que o medo da crise econômica que certamente resultará da pandemia, levantamentos periódicos feitos desde março pelo Instituto QualiBest identificou que o principal receio dos brasileiros é o de ser ou ter alguém da família infectado pelo coronavírus.

Esse número, em março, era de 68% da população, enquanto 37% diziam temer a crise econômica. Para fazer as pesquisas, enviamos questionários online a uma base própria de 250 mil pessoas cadastradas no nosso painel.

Melhores práticas de pesquisas em tempo de quarentena

Segunda a Sociedade Europeia de Pesquisa de Opinião e Marketing (ESOMAR, na sigla em inglês), o setor de dados e pesquisas de mercado está sendo afetado severamente pelas medidas de isolamento social impostos para retardar a disseminação do vírus.

A entidade recomendo que as empresas da área:

  • Informem seus clientes de que este é o momento perfeito para fazer pesquisas e estudos rápidos para avaliar o estado emocional dos seus clientes;
  • Contextualizem os objetivos dos estudos num futuro próximo;
  • Tornem os questionários mais humanos, incluindo até o tom de voz;
  • Reduzam o tempo de resposta dos questionários;
  • Aumentem a quantidade de pontos em aberto, dando aos entrevistados mais oportunidades para se expressarem.

Ainda segundo a ESOMAR, existem algumas regras principais que podem ser respeitadas para seguir com um estudo qualitativo online. As duas primeiras são se perguntar:

  1. A pesquisa é adequada para o momento atual?
  2. Pode ser feita online?

Para isso a recomendação é que as empresas consultem institutos que sejam experientes no meio digital e que possam sugerir adequadamente formas de abordagem, ou até uma indicação de que o melhor é esperar a quarentena passar.

No cenário econômico adverso as empresas não podem perder a chance de entender as novas demandas e se preparar para mudanças que podem ser perenes. É fundamenta para cada negócios interceptar mudanças, entender como irão evoluir e manter as demandas vivas.